Uma razão que concorreu bastante para o rápido povoamento do lugar foi o vau do Rio Mandu existente no local, onde o caminho cruzava com o rio, que se tornou uma passagem obrigatória, pela qual transitavam os viajantes que vinham de São Paulo e se dirigiam ao sertão das Gerais, à procura de ouro e pedras preciosas. Essa vereda era um prolongamento do caminho que vinha de São João Del-Rei, Campanha e Santana do Sapucaí, até o Mandu, e que, ao alcançar o pouso de Cláudio Furquim de Almeida, em Itapeva, tornou-se o trajeto mais curto e o único entre São Paulo e Vila Rica.
Vários posseiros se fixaram às margens do Rio Mandu, aumentando o número de moradores do lugar, que recebeu o nome de Pouso do Mandu. Crescendo a sua importância, foi criado no local, pelo governador da Capitania de Minas Gerais, por volta de 1755, um posto fiscal ou Registro, destinado a evitar o desvio clandestino de ouro das minas de Santana do Sapucaí e Ouro Fino, para São Paulo e Santos, visando com isso cobrar o quinto devido à Coroa portuguesa. A presença de um Fiel, acompanhado de guardas, neste posto, indica que se tratava de um Registro de grande movimento e, conseqüentemente, de um povoado em franca expansão.
O nome primitivo do lugar, Pouso do Mandu, devia-se ao fato de o rio do mesmo nome ter em abundância o peixe da espécie mandi, corruptela do nome indígena Mandihu (rio do mandi), bem como por ser parada obrigatória, um pouso para os viajantes que percorriam os caminhos entre as capitanias de Minas Gerais e São Paulo.
Havia no local um rancho primitivo que abrigava os viajantes, e nesse lugar o rio oferecia melhores condições para uma travessia, facilitando a transposição de animais e carga.
Na encosta da Serra do Gaspar localizava-se a fazenda de criar de Antônio de Araújo Lobato, ladeada de extensos brejais cortados por dois córregos até a margem do Mandu, junto do qual havia um pequeno núcleo de casas, o rancho e a venda destinada ao comércio com os viajantes. Foi aí que o povoado nasceu, prosperou e cresceu pouco a pouco, graças à sua excepcional posição geográfica e a riqueza de suas terras.
Segundo o historiador Amadeu de Queiroz, "a observação detida da localidade e a existência de numerosos vestígios, levam à convicção de que o primitivo caminho (vindo do norte), ao aproximar-se do rio, passava pelo espigão do morro chamado de Alto das Cruzes, descia pela encosta da colina (bairro Primavera) e seguia pelo bairro das Taipas, ao longo do córrego (hoje canalizado), até inserir-se no rio, onde termina a rua antigamente chamada de Cadeia Queimada (Silvestre Ferraz - o cruzamento se dava, mais exatamente, onde termina hoje a Rua Vereador Antonio Augusto Ribeiro)."
Quem viesse do norte, no período das águas, teria de esperar que a enchente, que inundava as várzeas, baixasse, e seria forçado a permanecer longo tempo no Pouso do Mandu. Por isso, viajava-se sempre no período da seca, quando os rios davam vau, evitando-se os transtornos causados pelas chuvas.
Não só aventureiros, como também alguns comerciantes, percorriam aqueles caminhos, transportando com sua tropa de burros, carregamentos de sal, açúcar e algodãozinho, produtos destinados aos centros de exploração mineral, escassos, e de alto preço no sertão.
Um rancho rústico, situado às margens do rio, tornou-se o abrigo acolhedor dos viajantes, um verdadeiro oásis para aqueles que enfrentavam os caminhos rudes do sertão, cheios de obstáculos e desconfortos. Ali, gozando de um mínimo de conforto, o viajante se recuperava de suas canseiras e recobrava as forças para enfrentar novamente a caminhada.